ABAIXO ASSINADO
Nós abaixo-assinados nos
dirigimos ao Instituto do Patrimônio Histórico Estadual (IPHAE) solicitando o
Tombamento dos espaços culturais denominados “Ranchos” da Escola Estadual Técnica
de Agricultura, para que os mesmos façam parte do conjunto de bens tombados no
Estado do Rio Grande do Sul.
Tal ação se justifica na medida
que estes espaços necessitam de proteção e o tombamento é a primeira medida a
ser adotada para a preservação destes bens culturais.
Segundo o historiador, ex-aluno e
professor da ETA, professor Mozart Pereira Soares, em seu livro ETA – Escola
Técnica de Agricultura Dr. João Simplicio Alves de Carvalho – Uma Contribuição
para a história, nos oferece um relato sobre os ranchos: "Entre as
singularidades da Escola Técnica da Agricultura, figuram os Ranchos. Não se tem
notícia da existência de entidade similar, em parte alguma, seja em instituição
de ensino ou de outra natureza. Segundo uma vaga tradição, o primeiro Rancho
surgiu em 1919 e se chamou São Jerônimo, provavelmente por contar entre seus
organizadores com um ou mais elementos originários daquele municipio gaúcho.
Como os atuais, o São Jerônimo seria o resultado natural de um pequeno grupo de
amigos, reunidos à sombra das árvores, para conversar e tomar chimarrão, nos
intervalos das aulas.
Em geral os ranchos refletiam o
estilo das comunidades de origem dos elementos predominantes em sua composição.
Embora moldados sobre um plano comum, cada
Rancho é uma peça de feição própria. Todos apresentam um salão de reunião,
lareira, pequena cozinha com fogão de chão ou fogão a lenha, cadeira para os
componentes e visitas, estandes para livros, pequenas mesas para estudos, além
de objetos decorativos nas paredes. Nestas ainda se registram lembranças de
antigos ocupantes do Rancho, com seu nome, apelido e procedência. Não raro,
artista de talento imprimem, nos móveis ou muros, retratos ou caricaturas,
constituindo uma parte da história viva do Rancho. No exterior a presença do
jardim é constante. Os Ranchos abrangendo todas as áreas vagas nos arredores da
Escola constituem, no mínimo, uma moldura decorativa para as edificações.
Arquitetonicamente os Ranchos resumem, aproximadamente, a evolução da moradia
rústica do Rio Grande do Sul".
Em que pese o relato do professor
Mozart P. Soares, é importante destacar que os Ranchos são atrativos especiais
na escola. Pela tradição que ostentam e a importância que se constituem na
formação dos alunos, são muito visitados, inclusive por turistas de outros
estados.
Os Ranchos que ao longo de todos
esses anos fizeram parte desta história são: Amizade, Uirapuru, Inferninho,
Fronteira, Castelo, Frankstein, Centauro, Granada, Sinuelo, Gaudério, Saudade,
Estrela do Sul, Interveiro, Planalto, Sepé Tiaraju, Deko, Ventania, Chaparral,
Tamanco Velho, Cacimba Velha, Querência, Figueirinha, Laredo, Guarani,
Tropeiro, Três de Maio, Solar dos Inocentes, São Jerônimo, Minuano,
Farroupilha, Bonanza e Quero-Quero.
Em decorrência do desuso, vêm
sofrendo depredações e deteriorando-se pela falta de conservação. Por entender
da importância dos referidos elementos na formação de centenas de pessoas, do
valor histórico e cultural que representam, a Assembléia Legislativa aprovou,
em 13 de maio de 2003, a
Lei n.º 11918/03, de autoria do Deputado Estadual Giovani Cherini, sancionada
pelo governador em 04/06/2003, que declara os referidos Ranchos como patrimônio
histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul.