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sábado, 3 de outubro de 2009

CECAT - 93 ANOS




No dia 28 de setembro de 1916, um grupo de jovens estudantes do então Curso dos Capatazes Rurais teve a idéia de criar um grupo de mobilização. Lançada em terra fértil, a semente germinou e virou idéia concreta. Estava fundado o grêmio estudantil, atual Centro dos Estudantes dos Cursos Agrotécnicos (CECAT), entidade que completou em 2009 noventa e três anos na congregação dos alunos da Escola Estadual Dr. João Simplício Alves de Carvalho, a ETA, sempre defendendo seus interesses e mantendo entre eles um clima de harmonia e cordialidade. Foram os associados que, ao através do trabalho, dedicação e luta constante, deram ao CECAT patrimônio e respeito ao longo de sua existência. 

O CECAT foi uma entidade que esteve presente nas lutas dos estudantes e na construção de ações integradoras e de impacto positivo na ETA. Editava o jornal “O Agro-Técnico”, organizava o time de futebol, promovendo ações culturais, enfim, um verdadeiro espaço de formação de cidadania.

Qual o papel do CECAT hoje na ETA? 

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

RANCHO TRÊS DE MAIO

 
O Rancho em destaque desta vez é o Três de Maio. Segundo componentes, do ano de 1969, é um espaço de amizade e companheirismo. Localiza-se na baixada voltada para o norte, circundado por figueiras e jacarandás, recebendo ao teto a sombra amiga das árvores frondosas, cujas raízes sugam na sua base. Crescem esplêndidos os arbustos que servem de ornamentação pela periferia do pátio, demarcando as margens do caminho que dá acesso ao rancho supremo refrigério das horas de labor. Quem diria que o seu conjunto não tem um toque admirável e mesmo exótico? 


À vista do observador, viria o azul claro de suas paredes, com três janelas e uma porta, ambas verdes, como as gramas dos canteiros ao limiar do caminho, o teto de palha recém tirada, exalando ainda o cheiro típico do capim, e o seu interior de chão batido, onde se assenta uma classe de estudos e mais seis bancos, rusticamente, pendendo pelas travessas alguns quadros, ora de paisagens ora de garotas sorrindo para o ambiente. Enquanto a estante comporta livros técnicos e romances, ao lado de rádio tão visado, como se a pedir "Música Maestro".


Ao fundo, a lareira, ora responsável pelo aquecimento da água para o tradicional chimarrão, ora esquentando o ambiente no frio do inverno viamonense. Lareira esta que testemunhou momentos de descontração, lazer e amizade.


Fonte: O Agrotécnico - JUNHO - 1969

terça-feira, 22 de setembro de 2009

RANCHO QUERO-QUERO





Localizado em uma encosta, voltada para o oeste, de onde se tinha uma ampla visão da RS 040, tradicional rodovia do nosso estado. Recebendo ao teto a sombra amiga de frondosos eucaliptos. Ornamentado por arbustos e gramas que dão um supremo refrigério as horas de lazer. O Rancho Quero-quero foi fundado no ano de 1962, não se sabe precisamente os fundadores. As paredes internas são de aspecto colorido, de pinturas que chama a atenção dos seus visitantes. 

Todos os antigos e componentes que deixaram o rancho e a escola, por terem concluído o curso Agrotécnico, deixaram incrustado nas paredes do rancho o seu nome, para explicitarem  a marca da sua passagem, por esta pequena família, a que tiveram a honra de pertencer. E entre muitos destaca-se o nome de Edemar Noll, o mais jovem prefeito do Rio Grande do Sul, que um dia fez parte desta pequena comunidade.

Componentes de 1975: Sentados da esquerda para direita: Cleonir Batista de Lorena (Soledade); Paulo Yung (São Francisco de Paula); José Sadir Scarsi (Guaporé). De pé da esquerda para a direita: Luiz J. Pasqualotto (Guaporé); Milton I. C. Fikles (São Sebastião do Caí); Jorge L. B. Oliveira(Viamão); Cláudio Malinski (Porto Alegre); Dilvo Tafarel (Veranópolis).


Fonte: O Agrotécnico - MAIO - 1975

domingo, 20 de setembro de 2009

RANCHO LAREDO


Iniciamos este blog, com algumas imagens do Rancho Laredo, de tradição “pelo duro”, que possuía a maioria de seus componentes vinculados a lida campeira e a pecuária.

Quer incrementar este texto? Mande mais fotos e informações sobre o Laredo e vamos juntos contar sua história.

Quer falar sobre outro Rancho? Escrevam para jorgeamaroborges@gmail.com

Um agradecimento especial ao ex-componente do LAREDO, Marcelo Lehn (Ovoscopia)

Ranchos da ETA – resgatar a memória é preciso





A Escola Estadual Técnica de Agricultura “Dr. João Simplício Alves de Carvalho” – ETA, órgão do Estado do Rio Grande do Sul, localizada na RS 040, Km 16, parada 65, em Viamão, foi fundada em 10 de novembro de 1910, abrigando até hoje alunos provenientes de diversos municípios do estado e do país, permanecendo estes em regime de internato ou semi-internato.

A partir de 1919, os alunos do regime de internato passaram a se reunir em determinados locais, dentro da área da Escola, nos horários de folga, com objetivo de integração, culto as tradições gaúchas e estudos. Daí surgiram os primeiros “Ranchos”, instalações semelhantes aos galpões nativistas, em proporções menores, mas todos possuindo uma lareira, à volta da qual se reuniam para momentos de interações e trocas. Nestas instalações rústicas, os alunos externavam toda forma de expressão, como pinturas, placas, adornos, canteiros, música, esporte, formação política e social. Um dos primeiros Ranchos, o São Jerônimo, teve como membro o então aluno da Escola, Leonel de Moura Brizola. Com o passar dos anos chegaram a um total de trinta e um Ranchos.

A cada ano letivo, novos alunos eram selecionados, principalmente por afinidade afetiva com os integrantes de cada Rancho, para que passassem a compor aquele grupo. Desta forma, eram constituídas verdadeiras “famílias”, cujos componentes zelavam pelo culto às tradições de cada rancho, alem da conservação e melhorias dos mesmos. Em meados de 1999 os Ranchos foram fechados. Desde então, várias foram às tentativas de reabertura dos mesmos, por parte de alunos e ex-alunos, sem êxito. Em decorrência do desuso, vêm sofrendo depredações e deteriorando-se pela falta de conservação. Por entender da importância dos referidos elementos na formação de centenas de pessoas, do valor histórico e cultural que representam, a Assembléia Legislativa aprovou, em 13 de maio de 2003, a Lei n.º 11918/03, de autoria do Deputado Estadual Giovani Cherini, sancionada pelo governador em 04/06/2003, que declara os referidos Ranchos como patrimônio histórico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul.  Segundo o historiador, ex-aluno e professor da ETA, professor Mozart Pereira Soares, em seu livro ETA – Escola Técnica de Agricultura Dr. João Simplício Alves de Carvalho – Uma contribuição da História, nos oferece relato sobre os Ranchos: “Entre as singularidades da Escola Técnica de Agricultura, figuram os Ranchos. Não se tem notícia da existência de entidade similar, em parte alguma, seja em instituição de ensino ou de outra natureza. Segundo uma vaga tradição, o primeiro rancho surgiu em 1919 e se chamou São Jerônimo, provavelmente por contar entre seus organizadores com um ou mais elementos originários daquele município gaúcho. Como os atuais, o São Jerônimo seria o resultado natural de um pequeno grupo de amigos, reunidos à sombra de árvores, para conversar, tomar chimarrão, nos intervalos das aulas... Em geral os Ranchos refletem o estilo das comunidades de origem dos elementos predominantes em sua composição... Embora moldados sobre um plano comum, cada Rancho é uma peça de feição própria. Todos apresentam um salão de reunião, lareira, pequena cozinha com fogão de chão ou fogão de lenha, cadeira para os componentes e visitas, estandes para livros, pequenas mesas para estudos, além de objetos decorativos nas paredes. Nestas ainda se registram lembranças de antigos ocupantes do rancho, com seu nome, apelido e procedência. Não raro, artista de talento imprimem, nos móveis ou muros, retratos ou caricaturas, constituindo uma parte da história viva do Rancho. No exterior a presença do jardim é constante. Os Ranchos abrangendo todas as áreas vagas dos arredores da Escola constituem no mínimo, uma moldura decorativa para as edificações. Arquitetonicamente os Ranchos resumem, aproximadamente, a evolução da moradia rústica do Rio Grande do Sul.”             

Com o término do ciclo dos Ranchos, alguns aspectos já podem ser visualizados de forma consistentes na Escola. O primeiro deles, está na desorganização social da classe estudantil. A grande conquista do Centro dos Estudantes dos Cursos Agrotécnicos - CECAT ao longo de sua história foi sem dúvida a autonomia e a construção de um movimento estudantil sólido que sempre serviu de alicerce aos interesses dos alunos. Hoje, temos uma agremiação desestruturada, em regime de decadência, necessitando até mesmo de intervenção por parte da direção. O fortalecimento sempre se deu a partir do enraizamento e união dos componentes dos Ranchos, hoje inexistente. Convém também salientar que a redução da faixa etária dos atuais alunos também contribui para este processo bem como a procedência dos alunos, que antes era quase que exclusiva do interior e hoje isto não ocorre mais com tanta intensidade.

Outra perda crucial está nos aspectos paisagísticos do entorno da Escola. Nestes locais, havia diferentes formas e contornos únicos, com caminhos, flores, cercas-vivas, que sempre foram uma das marcas daqueles espaços, pois traduziam um pouco da diversidade dos componentes, oriundos das mais variadas regiões do estado e do país. Hoje, são características que estão se perdendo.                          

Finalmente, chegamos à maior de todas as perdas – a estrutura física dos Ranchos. Muitos estão caindo, sendo arrombados, suas placas e objetos são furtados ou destruídos. Perde-se a arte, a história e a vida destes importantes elementos que sempre guarneceram as características da formação do estado em todos seus aspectos. Questões como as Festas de Ranchos estão somente na memória daqueles que as vivenciaram. O fechamento e o abandono não representam a verdadeira história da Escola e dos próprios Ranchos e são um desrespeito a memória de todos aqueles que ao longo dos anos, participaram desta construção.

Neste sentido, é necessário a união em torno de um grande movimento, que busque, num primeiro momento, o resgate histórico de cada um destes Ranchos para assim consolidar seu valor no processo de construção de uma geração de cidadãos que tem mostrado na prática a sua importância a nação, nas mais diferentes áreas, seja técnica, política, social ou econômica. Uma outra questão, está na construção de propostas que permitam aos Ranchos cumprirem sua função dentro da Escola e ainda, implementar ações práticas agregadas a projetos e programas do governo, de Organizações Não Governamentais e Empresas de acordo com o novo perfil de aluno que a Escola possui na atualidade.

É necessário e urgente promover o resgate cultural, histórico e social dos Ranchos da ETA, buscando sua recuperação física e estrutural, através de projetos e ações contínuas e permanentes, agregando parcerias com entidades da esfera pública, privada e da sociedade civil, fazendo assim, com que estes elementos contribuam sistematicamente com a formação ética, cognitiva e pedagógica dos educandos e também instrumentalizar mecanismos de envolvimento da comunidade neste processo.