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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As pontes da nossa vida


Homem que não tem passado
Não tem futuro também
Pois o tempo intreverado
Aponta os dedos que tem
Para o que foi importante
E nos tem levado adiante
Para atar um forte laço
Entre o futuro e passado
Que caminham lado a lado
Recolhem todo pedaço
Da história e guardam no peito
No altar do precioso feito.
Os atos que praticamos
São parte de nossa história
E nunca, nunca ficamos
Sem pagar por nossos atos
Acusa-nos a memória
Condenam-nos esses fatos.
Por isso falo dos ranchos
Da ETA abandonados
Literalmente tombados
Parecendo já garranchos
Nunca página escrita
De uma história tão bonita.
Os ranchos nessa escola
Eram pura tradição
Eram a casa do campeiro
Era a pele que se esfola
Combustível do candeeiro
que chega ao coração.
Eram a história sagrada
O farol que nos guiava.
Qualquer mar que navegava
Alguém num rancho iniciado
Não tinha medo de nada
Havia um porto indicado.
No mapa da nossa vida
Esperando pra atracar
O navio da existência
Já com jornada cumprida
Não importando a querência
Nem objetivo a buscar.
Era um porto de passagem
Com história ali gravada
Onde a Sagrada Mensagem
Forte, na mente cunhada
Ilumina o mais adiante
Na rota do viajante.
Nos ranchos se discutia
De tudo que se passava
Conceitos fortes havia
Sobre quem nos comandava
O destino, a nossa gente
E a riqueza da mente.
Os ranchos de aniversário
Tinham luz que nos guiava
Sagrado depositário
De tantos nossos segredos
Cofre lá, agora, sem trava,
Escancarado, sem medos.
De várias fases da história
Que marcaram esse chão
Os corpos eram dobrados
A fibra e a mente não.
Vivos fatos na memória
Grilhões que foram quebrados.
Nos encontros expatriados
Os ranchos são construídos
Com força de nossas mentes
Enquanto quedam, tombados
Já sem vida, destruídos
Somos as suas sementes
Nós levamos sua herança
Em formato e arquitetura
Seu cabedal de lembrança
Força interna e estrutura
O cerne e tudo mais
Que forma os seus anais.
É uma forma virtual
Mas tem consistência e massa
Toda a história, ali, sustenta
Aquele, sempre atual
Presente que nunca passa
Quando a saudade aumenta.
Quando verdades se buscam
Nos paradigmas da vida
Tantas luzes não se ofuscam
Por mais que o tempo dispare
Não há idade sentida
Que esta jornada pare.
Homens que não têm passado
Não têm futuro também.
Por isso aos ranchos respeitem
Por tudo que eles têm dado
Sua destruição nunca aceitem
Nem deixem que vá além.
Vamos lutar, reerguer
Todas as velhas taperas
Que foram ranchos em eras
Tão recentes. Vamos crer
Que pare essa demência
Da destruição da querência.
Às vezes quem não conhece
Faz coisa até sem maldade
Porém comete um pecado
Contra a história, se esquece
Sua responsabilidade
Bota o bom senso de lado.
É nesse momento, então
Que se vê quem tem grandeza
Pois a mentira e esperteza
Na covardia da ação
Da momentânea vitória
São manchas feias na história.
Que não destroem a jornada
Da fortaleza sagrada
Levada, viva, no alma
Aos encontros expatriados
Onde brilha uma luz calma
Dos ranchos, hoje tombados.
Nos encontros expatriados
Os ranchos são construídos
Com força de nossas mentes
Enquanto quedam, tombados
Já sem vida, destruídos
Somos as suas sementes.
Em 06/05/2009
Ernani Aloísio Weiss
Egresso em 1973

Um comentário:

  1. Lindo verso Sr, Ernani, ou "banana", se não em engano! Sou filho da Carmem Verginia, sua colega de turma. Parabéns.
    Abraço,

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